Efeitos da Cirurgia Bariátrica na Saúde Hormonal

Dr. Lucas Savóia

Como a Bariátrica Transforma Seus Hormônios e Sua Saúde?

A cirurgia bariátrica é bastante reconhecida por promover uma perda de peso significativa e sustentável. No entanto, seus efeitos vão além da balança. O impacto da bariátrica na regulação hormonal é um dos principais responsáveis por suas melhorias metabólicas, influenciando diretamente a fome, a saciedade e o controle do açúcar no sangue.

 

Se você já se perguntou como a cirurgia bariátrica transforma o funcionamento do organismo, este artigo vai esclarecer os principais efeitos hormonais do procedimento e como eles contribuem para a melhoria da saúde geral.


Hormônios e Cirurgia Bariátrica: O Que Muda?

 

O corpo humano regula o metabolismo e a fome por meio de um complexo sistema hormonal. A obesidade pode desajustar esse equilíbrio, resultando em um aumento do apetite, resistência à insulina e maior armazenamento de gordura. A cirurgia bariátrica atua diretamente nesse sistema, proporcionando ajustes hormonais que favorecem o emagrecimento e a manutenção da saúde metabólica.

 

Os principais hormônios afetados pela cirurgia são:



Grelina – O hormônio da fome


Produzida no estômago, a grelina é responsável por estimular o apetite. Após a cirurgia bariátrica, especialmente nos procedimentos que reduzem o tamanho do estômago, os níveis de grelina caem significativamente, reduzindo a sensação de fome e facilitando a adaptação a um novo padrão alimentar (Cummings et al., 2002).


Insulina – O regulador da glicose


A insulina é essencial para o controle do açúcar no sangue. Pacientes com obesidade frequentemente desenvolvem resistência à insulina, aumentando o risco de diabetes tipo 2. Com a bariátrica, essa resistência diminui, e muitos pacientes apresentam remissão completa do diabetes em pouco tempo após o procedimento (Rubino et al., 2010).


GLP-1 e PYY – Os hormônios da saciedade


Após a cirurgia, há um aumento na produção dos hormônios GLP-1 e PYY, que promovem saciedade e melhor controle da ingestão alimentar. Esse efeito ajuda a manter um padrão alimentar mais equilibrado e reduz os episódios de compulsão alimentar (Madsbad et al., 2014).

 

Além disso, estudos indicam que o GLP-1 não só reduz o apetite, mas também melhora a homeostase da glicose, regulando os níveis de açúcar no sangue e auxiliando no tratamento do diabetes tipo 2. A administração subcutânea de GLP-1 recombinante reduziu a ingestão calórica em 15% e resultou na perda de peso em obesos (Valverde et al., 2005).

 

Os níveis desse hormônio no plasma variam de acordo com a técnica cirúrgica empregada. Após a cirurgia do tipo bypass gástrico (BGYR) e gastrectomia vertical (SG), há um aumento significativo nos níveis de GLP-1, enquanto a banda gástrica laparoscópica (LAGB) não apresenta mudanças relevantes nesse hormônio (Peterli et al., 2009; Shak et al., 2008).


Leptina – O controle do peso


A leptina é um hormônio que regula o metabolismo e a sensação de saciedade. Em pessoas com obesidade, ocorre um fenômeno chamado resistência à leptina, em que o cérebro não recebe corretamente o sinal de que o corpo já tem reservas suficientes de gordura. Com a perda de peso induzida pela bariátrica, os níveis de leptina voltam a se regular, ajudando na manutenção dos resultados (Friedman & Halaas, 1998).


Oxintomodulina (OXM) e sua influência no emagrecimento


A oxintomodulina (OXM) também desempenha um papel importante na redução do apetite e no aumento do gasto energético. Após a cirurgia bariátrica, seus níveis aumentam, contribuindo para a saciedade prolongada e para a manutenção da perda de peso a longo prazo (Wynne et al., 2005).


Benefícios Além do Emagrecimento

 

A regulação hormonal promovida pela cirurgia bariátrica vai muito além da estética e da perda de peso. Esses ajustes metabólicos trazem benefícios importantes, como:


  • Melhora no controle da glicose, reduzindo ou eliminando a necessidade de medicamentos para diabetes (Schauer et al., 2017);
  • Redução da fome e aumento da saciedade, facilitando a reeducação alimentar;
  • Aumento da disposição e energia, já que o metabolismo passa a funcionar de forma mais eficiente.

 

A transformação proporcionada pela bariátrica não é apenas física, mas também metabólica e hormonal, garantindo resultados sustentáveis e melhor qualidade de vida.


A Cirurgia Bariátrica é Para Você?

 

Cada paciente possui um quadro específico e merece um planejamento personalizado. Se você busca um tratamento seguro e eficaz para a obesidade e deseja entender como a cirurgia pode beneficiar sua saúde metabólica, o primeiro passo é um acompanhamento especializado.


Agende sua consulta e descubra se a bariátrica é a melhor opção para você!


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Referências:


  1. Beleli, C.A.V.; Filho, A.C.; Silva, R.M.; Camargo, M.A.; Scopin, D.R. Fatores preditivos na perda ponderal de pacientes submetidos ao Bypass Gástrico em Y-de-Roux. Bariátrica e Metabólica Ibero-Americana. 2011; 1:16-23.
  2. Cummings, D. E., et al. (2002). "Plasma ghrelin levels after diet-induced weight loss or gastric bypass surgery." New England Journal of Medicine, 346(21), 1623-1630.
  3. Friedman, J. M., & Halaas, J. L. (1998). "Leptin and the regulation of body weight in mammals." Nature, 395(6704), 763-770.
  4. Madsbad, S., et al. (2014). "The role of GLP-1 in diabetes and weight regulation: Focus on the GLP-1 receptor agonists." Diabetes, Obesity & Metabolism, 16(5), 21-31.
  5. MUDANÇAS HORMONAIS APÓS CIRURGIAS BARIÁTRICAS E SUA RELAÇÃO COM O CONTROLE DO PESO CORPORAL . Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 6(10), 4000–4022. https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n10p4000-4022
  6. Peterli, R., et al. (2009). "Metabolic changes after bariatric surgery and their role in diabetes remission: Mechanisms and clinical evidence." Diabetes Care, 32(2), 512-517.
  7. Rubino, F., et al. (2010). "Metabolic surgery in the treatment algorithm for type 2 diabetes: a joint statement by international diabetes organizations." Diabetes Care, 33(6), 1390-1402.
  8. Santana, M. L. D., Baroni, S. H. N., Silva, J. C. F. da, Burgos, M. G. P. de A., & Silva, S. A. da. (2024).
  9. Schauer, P. R., et al. (2017). "Bariatric surgery versus intensive medical therapy for diabetes—5-year outcomes." New England Journal of Medicine, 376(7), 641-651.
  10. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP). Deficiência em hormônio promove ganho de peso em pacientes após cirurgia bariátrica. Jornal da USP, São Paulo, 2024. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/deficiencia-em-hormonio-promove-ganho-de-peso-em-pacientes-apos-cirurgia-bariatrica/.
  11. Valverde, I., et al. (2005). "Effects of GLP-1 administration in obese individuals." International Journal of Obesity, 29(10), 1166-1173.
  12. Wynne, K., et al. (2005). "Oxintomodulin increases energy expenditure and suppresses appetite in humans." Diabetes, 54(8), 2390-2395.


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